Defesa do basquetebol: uma abordagem técnica, táctica e de ensino-aprendizagem

03-11-2010 12:30

Resumo

          O treinamento da defesa no basquetebol envolve aspectos que devem ser observados durante a carreira do jogador. Da mesma forma que se aprende, através de gestos técnicos e formas avalizadas de ensino, a atacar, é possível também aprender a defender no basquete. A defesa individual e por zona são as principais deste esporte.

          As técnicas de defesa deste esporte podem ser ensinadas aos atletas desde a iniciação, respeitado as limitações impostas pela idade e nível de jogo.

Vale lembrar que as técnicas de defesa têm também um papel crucial no aprendizado do basquetebol. É necessário para se tornar um grande atleta saber defender e atacar, com consistência. Taticamente, o atleta deve ser capaz de tomar as decisões corretas durante uma partida, dado o tempo diminuto para as tomadas de decisões.

          O ensino-aprendizado da defesa do basquetebol deve seguir princípios pedagógicos, que permitam o desenvolvimento, para cada faixa etária, das capacidades técnicas e táticas. O ensino dos fundamentos defensivos por meio do método situacional e de pequenos jogos pode representar uma alternativa para a iniciação.

          Unitermos: Basquetebol. Defesa basquetebol. Ensino-aprendizado.

Introdução

    O Basquetebol foi criado nos Estados Unidos, no final do século, pelo professor James Naismith. A palavra basquetebol é oriunda do inglês BASKETBALL, ou bola ao cesto, já que a primeira meta deste jogo foi um cesto de pêssego.

    De RosiI & Tricolli (2005) consideram que este pode ser classificado como um esporte de oposição (joga-se contra um adversário) e de cooperação (coletividade entre os integrantes da equipe), com ocupação de espaço de forma simultânea entre os participantes. Sendo assim este desporto promove ações muito dinâmicas, com uma complicada rede de comunicação que envolve os componentes de uma mesma equipe e demais adversários.

    O esporte é praticado essencialmente num ambiente aberto, ou seja, sofre interferência variada, como deslocamento dos atletas, tipos de marcação, entre outros. A única exceção é o lance livre. Neste caso o ambiente é fechado, por que o arremessador não sofre influência dos fatores citados.

    Daiuto (1983) considera que este esporte exige um alto grau de treinamento dos atletas. Estes devem estar bem condicionados nos aspectos físico, tático, técnico e psicológico, para que um ótimo desempenho seja alcançado.

    Para o desenvolvimento das qualidades técnicas e táticas ofensivas de uma equipe de basquetebol, é necessário que esta se desenvolva contra uma defesa forte. Ferreira et al. (2005) recomendam que o treinamento defensivo deva ser estimulado por exercícios interessantes e exigentes, que contenham desafios individuais e coletivos para que os atletas experimentem a superação.

    A defesa do basquetebol deve ser ensinada e praticada desde a iniciação do atleta. Vale lembrar que as técnicas de defesa têm também um papel crucial no aprendizado do basquete. É necessário para se tornar um grande atleta saber defender e atacar, com consistência. E não se aprende defender apenas jogando, ou treinando ataque.

    Da mesma forma que se aprende, através de gestos técnicos e formas avalizadas de ensino, a atacar, é possível também aprender a defender no basquete. As técnicas de defesa deste esporte podem ser ensinadas aos atletas desde a iniciação, respeitado as limitações impostas pela idade e nível de jogo. Sendo assim e considerando as várias oportunidades de estudo que o Basquetebol oferece, este estudo priorizará descrever as principais defesas do basquetebol, e discutir sobre o contexto de ensino-aprendizagem da defesa deste esporte.

Metodologia

    Através de uma revisão de literatura, este artigo pretende descrever as principais defesas do basquetebol, e discutir sobre o contexto de ensino-aprendizagem da defesa do basquetebol.

Revisão de literatura

Defesas coletivas

    O valor de um sistema de defesa em conjunto, está na aplicação correta das ações e dos fundamentos defensivos individuais. Assim sendo, qualquer que seja o sistema adotado pela equipe, a maior e a menor eficácia do conjunto estará relacionada em função do comportamento individual dos jogadores que o constituem.

    Pode-se considerar a existência de dois sistemas básicos de defesa em conjunto:

  • Defesa individual ou “homem a homem”

  • Defesa por zona

    Outros processos defensivos podem ser empregados por uma equipe, mas, em ultima analise, todos eles não passam de variações ou adaptações feitas a um dos sistemas acima mencionados, ou combinações de elementos de um e de outro (DAIUTO 1983).

    Derivadas da defesa individual e da defesa por zona, existem alguns outros tipos de defesa, como: combinada, mista e defesa por pressão.

Defesa individual

    Este tipo de defesa vem sendo utilizado desde a criação do basquetebol. Bee (1942) relata que o Dr. Naismith planejou o a defesa do basquetebol com bases na defesa individual, seguindo o seguinte lema: “Cole em seu jogador e siga seus movimentos, ficando sempre o atacante e a cesta”.

Defesa por zona

    Neste tipo de defesa, cada jogador é orientado a marcar uma determinada área dentro do território defensivo. O defensor deve marcar o jogador que está ou não de posse de bola, dentro dos limites de sua área de responsabilidade. Os jogadores são perfilados seguindo linhas horizontais na quadra, paralelas à linha de fundo. O espaço de atuação da defesa compreende desde as proximidades da cesta (última linha defensiva) até a primeira linha de defesa, variando ao tipo de defesa empregada: quadra toda, meia quadra, um terço de quadra ou um quarto de quadra (MURPHY 1939).

Técnica e tática da defesa do basquetebol

    O basquetebol é um desporto que reúne uma série de habilidades. Cada uma delas, isoladamente, constitui uma unidade significativa e total em si mesma, Ferreira & De Rose (1987). Estas habilidades são chamadas de fundamento, ou gesto técnico, que podem ser de ataque ou de defesa (drible, passe, bandeja, rebote, bandeja, entre outros). E o conjunto destes conceitue a base de ferramentas necessárias para prática do jogo.

    Schmidt (1993), citado por Greco e Benda (1998), estabelece que o a realização correta do gesto técnico, ou de qualquer outra habilidade motora, tem como objetivo;

  1. maximização de precisão,

  2. minimização do custo energético físico e mental do desempenho, e,

  3. minimização do tempo utilizado.

    A realização de uma técnica ou de uma habilidade motora é concretizada graças a uma complexa combinação de mecanismos e processos mentais e motores.

    Por técnica esportiva entendem-se os procedimentos envolvidos na pratica que permitem a execução de uma tarefa da forma mais objetiva e econômica possível (WEINECK 1999). A realização de uma técnica ou de uma habilidade motora é concretizada graças a uma complexa combinação de mecanismos e processos mentais e motores. Greco e Benda (1998) entendem a técnica e/ou fundamento técnico como a interpretação no tempo-espaço-situação do meio instrumental operativo necessário para a solução da tarefa/problema nas modalidades esportivas.

    O aprimoramento da técnica é primordial para a execução de uma boa defesa. Por exemplo, o deslocamento de defesa e a posição básica de defesa exigem uma boa ótima qualidade de movimento dos defensores. A posição básica de defesa deve permitir ao jogador estar preparado para várias funções, tais como: deslocar-se rapidamente em várias direções (lateralmente, para frente e para trás); dificultar o drible, o passe ou arremesso; interceptar um passe, bloquear um arremesso; e posicionar-se para o rebote. Esta posição pode sofrer modificações de acordo com as situações citadas anteriormente, dependendo se o atacante está driblando (presença de deslocamento) ou está em posição de arremesso (uma das mãos erguidas para atrapalhar a ação).

    Ferreira e Rose (2003) colocam que o deslocamento na posição defesa possibilita o defensor acompanhar o atacante, com ou sem a bola, ao logo a posse de ataque. Um forte jogo de pernas, desenvolvidos ao longo de anos de treinamento, é à base do deslocamento defensivo. Quando o defensor assume uma posição básica de defesa, este deve estar pronto para marcar o atacante em movimento. Os deslocamentos nessa posição podem ser executados lateralmente, para frente ou para trás.

    O rebote também é influenciado pela capacidade técnica dos defensores. Vecchi (1999) citado por Ranchotte & Mercadante (2001), coloca que o rebote parte muitas vezes da qualidade individual dos jogadores, pois a técnica pode superar a falta de estatura de algum jogador. A função de pegar rebotes na equipe não é apenas dos pivôs, jogadores mais fortes e altos. Alas e armadores, no basquete moderno, participam ativamente do rebote, ajudando a bloquear os jogadores adversários.

    Betti (1992) ressalta que, para a caracterização do aprendizado, é necessário que o aluno alcance um nível satisfatório na execução dos fundamentos do basquetebol, e que não apenas demonstre habilidades e capacidades físicas. Com isso, o aluno/indivíduo poderá usufruir de padrões de execução presentes em tal prática esportiva.

    Greco e Benda (1998) definem táticas como o complexo conjunto de processos psíquico-cognitivo-motor que conduz as tomadas de decisão adequadas para desenvolver a tarefa-problema do jogo, permitindo um comportamento adequado às situações do jogo ou atividade. A tarefa ou problema apresentado durante a atividade, pode ser resolvido de acordo com a qualidade da tomada de decisão do atleta.

    A escolha do adversário a ser marcado é de suma importância. Em geral, é feita de maneira a equilibrar possibilidades: o melhor marcador deverá cuidar do melhor atacante. Para isso devem ser observados os aspectos técnicos, físicos, psicológicos e táticos do atacante em questão, como: qualidade de drible, passe, arremesso, velocidade, agilidade, resistência, tomada de decisão, momento de jogo, entre outros. Murphy (1939) salienta que quando o defensor percebe que é mais lento que o atacante que está marcando, o mesmo não deve marcá-lo muito pressionado, já que a possibilidade de infiltração é eminente.

    Murphy (1939) considera que o sistema defensivo sempre se encontra num estágio de desvantagem, por não comandar as ações, pois a posse e o controle da bola são direcionados, primordialmente, pelas as ações do ataque. Este mesmo autor afirma que o ataque age a cerca das decisões, e a defesa reage sobre. Porém Wissel (1998) reluta a idéia de que a defesa deve ser passiva, e apenas reagir às ações ofensivas. A defesa deve levar o ataque ao erro, agindo de forma coordenada e agressiva. Uma defesa agressiva dificulta as ações pré-planejadas do ataque, e diminui o seu tempo de reação. Knight relata que através da agressividade dos seus jogadores, a equipe adversária a aumentar significativamente seus índices de erro. Sendo assim, quando uma defesa está sólida e bem coordenada, esta pode, em algumas situações, coordenar as ações, levando o ataque reagir sobre estas ações.

Ensino-aprendizagem da defesa do basquetebol

    Cabe ao professor encontrar o método de ensino adequado para que o aluno atinja o pleno aprendizado dos gestos técnicos do basquete. Para Tosi (1989), Citado por Shon (1992), “O melhor professor será aquele que tiver uma resposta para a questão que preocupa o aluno”. Quando o aluno apresenta um interesse aumentado por algum esporte, este demonstra uma grande vontade de melhorar cada vez mais sua capacidade de execução de suas habilidades técnicas. Este fato representa ganho performático significativo por parte do aprendiz.

    Daiuto (1983) diz que o ensino do basquetebol tem que, necessariamente, obedecer à princípios doutrinários, à diretrizes pedagógicas e à regras de aprendizagem que sejam conseqüência de uma teorização da problemática por parte do professor, bem como a influência de parâmetros que condicionam a eficiência dos movimentos humanos, cujas aplicações tinham sido previamente justificadas satisfatoriamente.

    Quando o aluno não consegue ter condições de resolver a tarefa motora por si só, é necessária a aplicação, por parte do educador físico, de uma metodologia que lhe permita a superação de eventuais limites (GRECO & BENDA 1998).

    Na relação aprendiz-professor, o feedback (ou retroalimentação) se constitui num poderoso componente na relação pedagógica professor-aluno. Este tem como função de promover informações, motivações e reforços, podendo estabelecer ao aprendiz um conhecimento mais profundo acerca da tarefa, assim com um estabelecimento de um padrão de movimento. Quando o aluno exercer uma boa marcação, ou obtiver alguma falha em seu deslocamento, tais informações devem ser passadas a ele pelo professor.

    Mertens e Musch (1990), citados por Oliveira (2002) defendem o aprendizado dos jogos esportivos coletivos num contexto no qual a técnica apareça claramente em situações táticas, simplificando o jogo formal em jogos reduzidos e relacionando situações do jogo com o próprio jogo em si. Deve se manter a idéia principal formal de cada jogo. O posicionamento defensivo é generalizado e almeja-se dificultar a organização ofensiva dos adversários, principalmente nas interceptações de passe, estabelecendo uma dinâmica entre a defesa-transicao-ataque.

    Greco (1998), citado por Oliveira (2002) sugere o ensino através do método situacional, com situações reduzidas e isoladas do jogo. Este autor também defende que a técnica desportiva é a pratica na iniciação dos conceitos da tática, ou seja, alindo o como fazer a razão de que fazer.

    Defende-se também o estimulo do ensino-aprendizagem dos aspectos defensivos através de pequemos jogos, que possibilitem um numero reduzido de jogadores em um maior espaço. O jogador, neste contexto, estará sempre envolvido com o jogo.

    Nos pequenos jogos, o marcador consegue avaliar o deslocamento do atacante num contexto mais reduzido, o que facilita as trocas de marcação, a ajuda, a comunicação e o deslocamento defensivo como um todo.

Conclusão

    Por fim, não se aprende a defender no basquetebol apenas com prática em si. A dedicação às técnicas defensivas por parte do atleta, deve constar sempre nos treinamentos deste esporte. O atleta também deve estar preparado no que tange aos aspectos táticos, , físicos e psicológicos do jogo, para poder tomar a melhor decisão acerca dos aspectos defensivos, durante uma partida.

    A defesa está intimamente inserida dentro do processo de ensino-aprendizagem do basquetebol. Cabe a cada professor achar a melhor metodologia que garante ao aluno o desenvolvimento das habilidades técnicas e táticas do jogo. Porém, é visto que o método situacional e pequenos jogos podem representar uma boa alternativa para o aprimoramento da defesa do basquetebol.

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